Marketing em Angola #2 – Brasil Além-Mar

Continuando a série “Marketing em Angola”, onde falo das minhas impressões sobre o lugar onde passei o mês de setembro/2014. Este post fala sobre como o angolano enxerga o Brasil e como as empresas brasileiras aproveitam isto.


Sede da Record Angola, no bairro da Talatona

Sede da Record Angola, no bairro da Talatona

Definitivamente, Angola ama o Brasil. Somos realmente irmãos de colonização desses africanos. Várias coisas fazem com que eles tenham este carinho para conosco, a começar pelo consumo de cultura nacional. E o principal ponto é a televisão.

Angola não possui TV aberta, como no Brasil. A TV a Cabo tem o mercado disputado pela DSTV e pela ZAP. Em ambas, os canais brasileiros internacionais estão entre os mais assistidos. Em destaque Globo, Record, Band e alguns programas do SBT que são transmitidos por outros canais. Então, tudo é visto por lá! Novelas, jornais, programas de auditório… Angola já teve o maior mercado a céu-aberto do mundo (desativado fazem vários anos), chamado “Roque Santeiro”, tamanho o sucesso da novela global por lá.

Mas em Angola a Globo não é mais soberana. Pelo contrário: a Record está mais no coração do angolano. Rodrigo Faro, Ana Hickman, são muito conhecidos, queridos e respeitados em Angola. Até as novelas da Record estão sendo vistas como mais empolgantes do que as da Globo. Este cenário faz entender o investimento da Record no país, onde eles têm uma sub-sede e diversas propagandas espalhadas por Luanda.


Cultura Brasileira

Enfim, a TV levou a cultura brasileira para Angola. Eles sabem tudo sobre o país luso-irmão. Alguns pontos:

1. O angolano enxerga o Brasil como país violento (potencializado pelos programas policiais). A morte de uma universitária angolana no Rio de Janeiro teve repercussão nacional por lá.
2. Música brasileira é uma das líderes de “audiência”. As rádios tocam demais a música nacional. Destacam-se: Banda Calypso, tida como a “banda brasileira mais querida dos angolanos”, Ivete Sangalo, Michel Telo (assim mesmo, sem acento). Mas ouvi de tudo, desde Roberto Carlos à Roberta Miranda. Afinal, todos os cantores famosos do país estão nos programas muito assistidos.
3. Fiquei impressionado com o tanto de torcedores do Flamengo (pelo menos usando a camisa do time) em Luanda! Praticamente vi uma camisa por dia durante a minha estadia por lá.

Marcas Brasileiras

Muitas são as empresas brasileiras que estão em Angola. Como disse num post anterior, nenhuma se compara à Odebrecht, que tem mais de 30 mil funcionários e é o maior empregador privado do país. A empresa comemorou recentemente 30 anos de Angola, com ampla comunicação. Outras construtoras e incorporadoras, como a Queiroz Galvão, estão presentes e muito bem divulgadas no país.

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Loja das Havaianas no Belas Shopping

Passeando por Luanda, você percebe claramente uma das marcas brasileiras famosas no mundo todo. As “legítimas” Havaianas estão por toda a parte. Como indicador do sucesso, já há as “piratas” também.

Restaurante Bob's Burger no Belas Shopping

Restaurante Bob’s Burger no Belas Shopping

Aí entra em ação várias franquias de marcas brasileiras. Num país com poucas empresas de fast food (o KFC é uma das poucas marcas que estão no país), é interessante ter uma marca brasileira tão destacada. No principal shopping do país, o Bob’s reina soberano nos burgers e nos sorvetes e similares.

Quiosque de "O Boticário" no Belas Shopping

Quiosque de “O Boticário” no Belas Shopping

A rede FISK, escola de idiomas, tem uma operação legal também em Angola. Já estão por lá fazem alguns anos e o franqueador é brasileiro. O Boticário também está presente, com cinco lojas e uma perspectiva de crescimento muito grande, segundo o gestor internacional da marca. Outras empresas atuam por lá, como por exemplo Mundo Verde, Sapataria do Futuro, Mister Sheik, Green Moda Infantil e Livraria Nobel.


O potencial do mercado angolano deve ser olhado com muito carinho por gestores que desejam internacionalizar operações de empresas do Brasil. É um país que ama o nosso e que vê com muito carinho aquilo que temos aqui. Vale a pena pensar com carinho esta possibilidade.

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Copa do Marketing #2 – Contos de uma TV Quebrada

Por Epoca Negócios Online

Rafael Gambarim, 30 anos, não imaginou que quebrar uma televisão lhe renderia tanta fama – e presentes. O empresário paranaense, morador do município de Umuarama, no Paraná, ficou famoso na internet no dia 28 de junho, após sua tia Marli Gambarim Benhossi, divulgar um vídeo no Facebook. A gravação mostra o momento em que ele, emocionado, quebra uma TV de plasma com um tapa após uma defesa do goleiro brasileiro Júlio César, durante o jogo entre Brasil e Chile. Ele precisou correr para a vizinha para conseguir assistir ao final da partida. Foi dormir sem esperar a repercussão do vídeo que rapidamente viralizou na internet. Teve mais de 60 mil compartilhamentos no Facebook e foi replicado por várias pessoas no YouTube.

A reação emocionada de Rafael diz muito sobre o que os torcedores brasileiros sentiram durante a vitória apertada e dificílima contra o Chile. Rafael virou “celebridade” e interagiu no Twitter com redes de TV e foi procurado até por veículos de mídia estrangeiros – da BBC a uma televisão do Japão. “O engraçado dessa história é que de repente todo mundo me conhecia. Recebi mais de 800 solicitações no Facebook. Vivo uma vida tranqüila, em uma cidade com só 100 mil habitantes. Minha vida é trabalhar, pescar e jogar bola. De repente, não consigo ir ao bar que o pessoal fica tirando foto”, afirmou Rafael. Com tanta repercussão, algumas empresas correram rapidamente para criar ações de marketing.

A primeira delas foi a Sony que, sem fazer muito alarde, deu a ele uma TV de 40 polegadas. Em seguida, apareceu a Magazine Luiza. Com o perfil oficial da rede no Twitter – que interage com os seguidores através da personagem virtual e porta-voz da marca, “Lu” – a empresa publicou no dia 3 de julho o link do vídeo perguntando para seus mais de 90 mil seguidores se eles haviam assistido. O próprio Rafael Gambarim respondeu contando que “seus amigos queriam amarrá-lo para que ele não quebrasse” nada no próximo jogo do Brasil. Foi então que “Lu” o presenteou com um projetor multimídia. “Desta forma, Rafael poderá torcer ao máximo, sem correr o risco de quebrar outra TV”, afirmou o Magazine Luiza, em nota. Com o projetor, Rafael reuniu a família no último jogo do Brasil e teve seus batimentos cardíacos monitorados pela empresa – que prometeu, no Twitter, uma oferta especial a quem acertasse o número exato. Mais de 970 pessoas participaram da ação. Rafael afirmou que durante o primeiro gol do Brasil o medidor apontou 171 batimentos por minuto.

Quem também apareceu na história foi a Samsung, patrocinadora oficial da Seleção Brasileira, que entregou na cidade do paranaense uma televisão de 46 polegadas. E ele ainda ganhou uma TV do Extra, do Grupo Pão de Açúcar. Além disso, três empresas já o procuraram convidando- o para estrelar comerciais na TV.  “TV não vai faltar agora. Tem para todo o lado. O pior é que estou tão nervoso para a próxima partida quanto estava naquele jogo. Mas não quero fazer nenhuma besteira dessa vez”, tranquilizou o empresário. A dúvida de Rafael agora é qual dos novos equipamentos lhe trará sorte na semi-final, que acontece amanhã contra a Alemanha. Ele ainda está decidindo onde verá – e em qual televisão nova. A emoção ele já provou que não consegue controlar muito.

E aí, além de Rafael, quem saiu ganhando nessa história toda?