Fazem algumas semanas e fomos surpreendidos na TV por uma “nostálgica” campanha que nos diz como é bom viajar… de ônibus. A campanha institucional foi promovida pela ABRATI, Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros. Se você ainda não viu, confira:
Parece estranho que, em pleno século XXI, ainda existam pessoas viajando distâncias tão gigantescas de ônibus. Faz alguns anos, o mercado da aviação civil, com a entrada da Gol (pertencente ao grupo Áurea), a mudança estratégica da TAM e a posterior entrada da Azul, foi chacoalhado, com redução drástica de preços. Ir de ônibus parecia um sinônimo de evento muito especial, como carregamento de mudança e distâncias curtas.
Mas a ABRATI, que reúne as principais empresas do setor, soube explorar o problema gerado pelo cenário acima. A grande demanda reprimida. Depois da inserção do termo “caos aéreo” no vocabulário brasileiro, muitos estão se voltando ao bom e velho ônibus como participante do seu conjunto de consideração, como produto substituto. A última pesquisa da ABRATI sobre o transporte rodoviário indica que a maioria das pessoas que usam o transporte, de forma interestadual, é para passeio e férias (você pode ver a pesquisa, realizada trienalmente, clicando aqui).
A campanha é muito boa mas, ao meu ver, poderia ser mais intensa e contemplar mais mídias (incluindo internet). O apelo ainda funciona, pois temos uma boa camada da população que já viveu bons momentos nas cadeiras dos ônibus, viajando Brasil afora. Principalmente os de mais idade. Valeria a pena um pouco mais de investimento, pois o apelo nostálgico foi primoroso para mostrar a relação familiar de uma viagem rodoviária, ampliado pela sensação gostosa da descoberta de novos lugares e aliado ao conforto dos ônibus de hoje em dia. Conforto este que tem ficado em falta nas filas de espera nos aeroportos brasileiros.
A nostalgia é um dos métodos mais eficientes a ser utilizado em ações de marketing, para se conseguir aproximação com um consumidor ou grupo de consumidores. Diferente do que se imagina, a nostalgia não é simplesmente a apresentação de cenários históricos. Ela vai além disto: nostalgia é a reapresentação de coisas simples e gostosas da vida. Este é um dos segredos do porque a nostalgia vende tanto. Ela nos lembra de coisas que nos fazem bem, que nos conquistam por ser, “simplesmente”, simples.
Este tema valeria um post completo, o que vou fazer, está fechado! Mas hoje, pra abrir o apetite do tema, apresento a primeira das listas do “MKT em FOCO”. Na opinião do editor deste blog, as 10 melhores propagandas NACIONAIS que envolvem a “nostalgia”. Acompanhe comigo:
1. “Aquarela”, da Faber-Castell
Se tornou um clássico. Tanto que teve diversas “reedições”, a última já na década de 2000. Perfeito casamento entre trilha sonora e temática. A nostalgia está tanto na lembrança da infância (utilizando o produto), quanto na própria música de Toquinho, que dá título à campanha. A classe apresentada com este tema nostálgico, acabou por se tornar um dos diferenciais de posicionamento da marca Faber-Castell.
2. “O Primeiro Sutiã”, da Valisère
Obra-prima da propaganda brasileira, o “Primeiro Sutiã” até hoje é lembrado, principalmente (óbvio) pelo público feminino. Washington Olivetto apela para a nostalgia deste público, mostrando uma etapa da vida que toda mulher passa… E fez isso com um bom gosto impressionante.
3. “Razões Para Acreditar”, da Coca-Cola
A Coca-Cola é mestre em criar campanhas nostálgicas. Mas com esta eles se superaram. Criaram uma sensação nostálgica de uma coisa que poucos viveram, que é a sensação de que há um mundo melhor nos esperando. Sensacional!
4. “Sonhos”, da Chocolates Garoto
Outra obra-prima do mestre Olivetto, voltada agora ao público masculino. O tema nostalgia é tudo nesta campanha, que foi ao ar em meados da década de 90.
5. “Pipoca/Pizza com Guaraná”, do Guaraná Antarctica
Primeiro foi a pipoca, depois a pizza… Todas fazendo uma dupla perfeita com o Guaraná. Quer apelo maior a uma coisa que todo mundo já comeu na vida? Nostalgia pura!
6. “Hora de Dormir”, dos Cobertores Parahyba
Comercial que, literalmente, dava sono em quem assistia. Jingle poderosíssimo, estilo lullaby, perdurou muito tempo no imaginário popular e virou sinônimo de levar crianças para a cama. Sucesso!
7. “Energia que dá gosto”, do Achocolatado Nescau
O vídeo acima é apenas ilustrativo de uma campanha que durou quase duas décadas. “Energia que dá gosto”, mostrando momentos em que a juventude estava no auge dos seus movimentos, ficou caracterizado pelo nostálgico barulho feito pela sucção do produto através do canudo. Esta imagem e som assinou todos os comerciais feitos com este posicionamento.
8. “Natal”, da Coca-Cola
Mais uma vez, a Coca-Cola está na lista. O natal criado pela Coca-Cola muda a face de quem assiste o comercial. Resultado de anos de trabalho de construção de marca nesta época do ano, incluindo a criação de diversos ícones natalinos, como o próprio Papai Noel. E o melhor: o brasileiro fica com aquela sensação gostosa de que aqui também tem neve! Impressionante…
9. “Craque”, do Kichute
Todo mundo já teve um Kichute. Até que saiu o comercial de TV! Foi sucesso absoluto, no final dos anos 80.
10. “Homem com mais de 40”, do Conselho Nacional de Propaganda
O trabalho dignifica o homem. Parece errado dizer que um comercial que mostra homens com mais de 40 anos seja nostálgico. Mas ele mostra a questão do trabalho como essencial para o sucesso do ser humano. E também chama a atenção dos jovens, ao associar esses quarentões com seus próprios pais, avós, tios, entre outros queridos. As lembranças chegam! E a voz do Ferreira Martins completa o sucesso!
E você, o que achou da lista? Que outros comerciais você colocaria também? Lembrando que são apenas comerciais nacionais, ou que foram veiculados no Brasil. Mande sua opinião, faça seu comentário!